O governador Ronaldo Caiado reforçou que as mudanças da Reforma Tributária desorganizam a lógica do setor produtivo e podem comprometer a realidade de milhões de brasileiros. “Vai desestruturar o Brasil real. Vamos concentrar o Brasil inteiro só nos estados que têm maior renda per capita e mais industrializados, com maior poder de consumo”, afirmou nessa terça-feira (10/6). O posicionamento foi apresentado durante palestra na 5ª edição do Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento (FCNA) da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em Brasília.
Ao participar do “Redução de Custos e Reforma Tributária”, o líder goiano alertou ainda para os riscos de uma reforma que ignora as realidades regionais, cria insegurança jurídica e transforma estados e municípios em dependentes de rees incertos. “Aqui quem manda é só o governo federal. E o resto cumpre ordem?”, questionou. “Nós somos um país com entes federados. Como tal, nós temos direitos concorrentes”, argumentou.
Segundo Caiado, o debate tem sido evasivo e não tange o que realmente se desenha com as mudanças. “É uma farsa. É concentrar poder. É para isso que a população precisa acordar”, alertou. Ele manifestou preocupação com a falta de experiência dos idealizadores das mudanças. “Modelo de economista é modelo de cirurgião que nunca operou um caso. A vida como ela é, é no caixa do supermercado”, disse ao defender que a simplificação do ICMS seria uma saída viável e de menos impacto para os estados em desenvolvimento.
Caiado também saiu em defesa dos Estados em relação à discussão da isenção de impostos. “Não podem de maneira alguma tentar rotular que governadores são contra a diminuição da tributação. Não pode botar esse rótulo”, afirmou apontando a responsabilidade da União no custo de vida para os brasileiros. “O que se pede é que realmente o governo federal tenha responsabilidade, porque a causa do preço hoje da cesta básica é provocada por um governo irresponsável, gastador e corrupto”, acrescentou ao citar que a carga tributária bruta do governo federal atingiu 32,32% em 2024.
Em contraponto, o governador enfatizou a gestão de contenção de gastos e aplicação dos recursos com responsabilidade mantida sob sua gestão. “Goiás é um estado equilibrado. É um estado que paga em dia, é sério, que investe naquilo que o cidadão precisa”, disse. Para ele, o equilíbrio fiscal viabilizou que Goiás despontasse como líder em áreas como educação, segurança pública, transparência e liquidez com reflexos diretos na qualidade de vida da população.
Sobre o evento 2b62u
Realizado no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), o evento reuniu representantes do Congresso Nacional, do Ministério da Fazenda e de entidades do setor produtivo. Além da discussão sobre a Reforma Tributária, o Fórum abordou outros quatro temas estratégicos para o futuro do abastecimento nacional: segurança alimentar, transição energética, consumo consciente - com foco na economia circular - e rastreabilidade digital.
“Tivemos pessoas que contribuíram de forma muito decisiva, sendo um ponto de inflexão, um ponto de uma visão diferenciada dentro desse processo, como por exemplo o governador Ronaldo Caiado, que nunca concordou plenamente com esse movimento da Reforma Tributária”, afirmou o presidente da Abras, João Galassi, que enalteceu a pluralidade do debate durante o evento.